O novo padrão contábil

A contabilidade, linguagem universal dos negócios, não conhece fronteiras geográficas. No seu cerne, a contabilidade é a mesma aqui, nos Estados Unidos, na Ásia ou na Europa. Para um executivo que deseja alcançar os mais altos postos dentro de uma grande corporação, arrisco dizer que saber contabilidade é tão ou mais importante quanto saber uma segunda língua, como o inglês ou o mandarim. Altos executivos de empresas egressos das áreas financeira e/ou contábil possuem uma natural proximidade com a contabilidade. Esta é uma possível explicação para que tantos presidentes de empresas venham da área financeira. Investidores interessados no mercado de capitais precisam saber os elementos fundamentais de contabilidade, de modo a compreender a saúde financeira da empresa, a partir de informações vindas de suas demonstrações financeiras. Conforme dito, o âmago da contabilidade é o mesmo em qualquer lugar do mundo. Contudo, a sofisticação das empresas e dos mercados financeiros exige uma padronização maior nos lançamentos contábeis, necessidade aguçada pela internacionalização das empresas. Felizmente, o Brasil optou por aproximar suas regras contábeis do padrão europeu denominado IFRS (International Financial Reporting Standard, ou Padrão Internacional de Demonstrações Financeiras). A transição está em andamento e avança a uma velocidade expressiva. Um avanço advindo da implantação do IFRS no Brasil é a primazia da essência sobre a forma. Por exemplo: até há bem pouco tempo, um leasing financeiro realizado no Brasil era contabilizado como se fosse um aluguel. Isso é, a empresa arrendatária (a empresa que alugou o bem) contabilizaria no seu resultado a despesa de aluguel e não colocaria no seu imobilizado o bem arrendado. Contudo, à luz das novas regras contábeis, quando se tratar de efetivo financiamento de ativo (essência), o mesmo deve ser contabilizado como imobilizado (ou outro grupo em que melhor seja classificada sua natureza), independentemente da propriedade jurídica do bem (forma). Outro item muito importante é que, a partir de agora, a taxa de depreciação dos ativos deverá ter como base a vida útil do bem (essência) e não as taxas estabelecidas pelo fisco (forma). A uniformização das informações é uma necessidade da economia, sobretudo sob o ponto de vista dos investidores. Todas essas mudanças são bem-vindas e contribuirão para uma maior inserção das empresas brasileiras em um ambiente global que se movimenta em direção ao IFRS. Raphael Paschoarelli é professor de finanças do Departamento de Administração da Universidade de São Paulo http://www.brasileconomico.com.br/noticias/o-novo-padrao-contabil_81811.html
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