Nota fiscal eletrônica emperra

Software. Quando o último lote de empresas entrou no novo sistema, programa da Receita Estadual travou

Adesões aumentam, mas empresários reclamam de atraso e problemas no site

Empresas de todo porte têm enfrentado dificuldades na hora de aderirem à Nota Fiscal Eletrônica (NFe) - nova forma de emissão de notas fiscais que está sendo adotada gradativamente desde 2008, para substituir o papel.

No último lote de empresas a entrar no sistema, a emissão de notas chegou a ficar quase paralisada, segundo relato de usuários. Uma fábrica de sanduíches de Belo Horizonte, que prefere não ser identificada, teve dificuldades até para concluir suas entregas - já que o produto não sai sem a emissão da nota. Funcionários passaram o feriado da Páscoa tentando emitir as notas que não conseguiram no dia 1º de abril, última data de entrada no sistema.

Até empresas que já adotam a NFe há mais de um ano enfrentam problemas com o software da Receita Estadual. "Há dias em que esperamos até 24 horas para a Receita Estadual autorizar a emissão de uma nota, mesmo com todos os dados corretos. E a mercadoria fica parada na fábrica, não pode sair enquanto a nota não é liberada", diz o diretor comercial da L’acqua di Fiori, José Paulo Mesquita.

O diretor de informações fiscais da Secretaria de Estado da Fazenda, Osvaldo Scavazza, diz que não há porque falar em sistema lento. "Algumas empresas devem estar tendo problemas com seu servidor, ou não estão preenchendo corretamente os dados", diz.

Última hora. Segundo consultores tributários, entre as razões para os problemas apontados pelos usuários estão a sobrecarga do sistema, pelo grande volume de empresas que deixam para fazer a mudança na última hora, e a falta de informação sobre como entrar corretamente no programa.

Somente nesse último lote, o número de adesões saltou de 21,4 mil para 34,6 mil em Minas Gerais. "Recomendo que as empresas, antes de entrarem, trabalhem em ambiente de teste para se adaptarem, evitando erros", diz a gerente do setor tributário da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Luciana Mundim.

Companhias de tecnologia desenvolvem programas
Empresas de tecnologia já desenvolvem seus próprios programas para emissão de nota fiscal eletrônica, como alternativa ao software da Receita Estdual. "Desenvolvemos uma solução que diminui gastos maiores com tecnologia da informação", diz o diretor de localização e novas soluções da SAP, Bruno Ogusuko.
"Com o sistema digital, as autoridades fiscais passaram a ter muito mais informações sobre as operações da empresa, então é preciso estar bem atento", ressalta o diretor da Mastermaq Softwares, Roberto Dias Duarte.
Quanto à outra exigência, o certificado digital, há empresas autorizadas pela Receita Estadual a emitirem esses certificados. (JH)

Balanço do programa Nota Fiscal Eletrônica
900 milhões
de notas fiscais eletrônicas já foram emitidas no Brasil

90 milhões
de notas já foram emitidas em Minas no novo sistema

10 milhões de notas
eletrônicas por mês, diz a Fazenda, é a média em MG

Cronograma
Próximas entradas de empresas no sistema:
1º de julho
1º de outubro
1º de dezembro

Quando começou:
A mudança para nota fiscal eletrônica está sendo feita desde 2008
Foi implantada pelo governo federal e faz parte do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped)

Fonte: Receita

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Comentários

  • Ajuda
    Contador analisa cada caso
    O consultor tributário da Fecomércio Minas, Eustáquio Norberto de Almeida, sugere que cada empresa consulte o seu contador para saber qual seria a solução mais adequada para o seu caso – se baixando o programa da Secretaria de Estado da Fazenda (SEF) ou implantando um sistema próprio. “É preciso avaliar em qual caso a empresa se encaixa”, recomenda.
    Na Brasil Máquinas, microempresa que vende no-breaks (aparelhos que protegem os computadores de descargas elétricas) para todo o Brasil, o contador teve que ajudar na hora de entender e aderir à Nota Fiscal Eletrônica (NFe).
    “O sistema é complicado, há muitos detalhes a serem observados. Mas acredito que é só questão de tempo para podermos nos adaptar ao programa”, diz o dono da empresa, André Oliveira.
    Para o presidente do grupo especializado em auditoria e contabilidade GV, Geraldo Vieira, mesmo as pequenas empresas devem se preparar e adquirir um sofware de emissão de nota fiscal eletrônica. “O programa da Receita Estadual é um paliativo enquanto a empresa não tem o seu próprio. Se a empresa quer crescer, precisa investir em tecnologia”, observa. (JH)

    Postado por Geraldo Nunes em 16 abril 2010 às 10:25
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