eSocial sem “telefone sem fio”

Por Mauro Negruni

Existe uma brincadeira de criança chamada de telefone sem fio. Em muitos programas de treinamento (para adultos) sobre organização é utilizada como evidência de que comunicação e meios indiretos de relacionamento formam verdadeiros “monstros”.

Por exemplo, alguém cochicha na orelha de alguém: o eSocial “exigirá a raça e nome dos pais do colaborador”. Ao passar para o colega ao lado, a mensagem torna-se “exigirá a praça e nome da rua dos pais do colaborador”. Ao que o próximo ouve “extinguirá o endereço dos pais do colaborador”. E por fim, já chegando ao final da fila de mensagens transmitidas e recebidas ouve-se em voz alta a seguinte frase: “o eSocial extinguirá o colaborador e seu endereço”.

Em quase todas as ocasiões é engraçado brincar de telefone sem fio. Ainda mais sem qualquer compromisso com a realidade. Entretanto, a sua aplicação no ambiente organizacional é, em grande parte das vezes, um problema.

No caso do projeto eSocial, tem se ouvido falar sobre as obrigações que este projeto trará e os inúmeros cruzamentos possíveis que certamente o Fisco realizará, etc. Há até mesmo pessoas que nunca conversaram com os gestores do projeto apresentando cursos e ministrando treinamento com a autoridade de quem é íntimo do projeto (inclusive emitindo opiniões gerando a sensação de que de fato participa da sua elaboração). Não vejo maldade (sou um otimista incorrigível), mas algumas vezes acaba por gerar um “telefone sem fio”.

Eu mesmo, apesar de estar no projeto piloto, algumas vezes tive discussões com os gestores sobre um ou outro aspecto que foram totalmente em vão. Isso é natural num projeto em construção. Mas daí a fazer alguns “cavalos de batalhas” por questões que ainda não estavam fechadas no grupo de trabalho (GT – eSocial) como percebi no meu blog www.mauronegruni.com.br ou em outras redes socais (como no spedbrasil, por exemplo) já é demais. Incontáveis manifestações sobre boatos. Quanta energia desperdiçada!

O grupo de trabalho fez muito bem, em minha opinião, ao abrir antecipadamente o manual 1.01 do eSocial. Assim, pessoas que afirmavam ser um absurdo isso e aquilo viram que o escopo é razoável. Não é o que eu proporia, nem aquilo que você, leitor, proporia – assim como no futebol (e outros esportes) somos todos “técnicos experimentados”, mas o que está posto é razoável.

Não é possível que alguém que esteja fora dos limites legais use a sua rotina do dia-a-dia para propor que não haja evolução, como justificativa para deixar de cumprir o que estabelece a lei. Digo isso porque, invariavelmente, recebo críticas no meu blog ao defender o projeto do eSocial. Alguns profissionais pensam em atendê-lo, o eSocial, da mesma forma como atendem atualmente a DIRF, RAIS, CAT, GFIP e outras obrigações da dita folha de pagamento. É também por falta de informação direta, agora veio à tona com a publicação em http://www.esocial.gov.br/ManualAntecipado.aspx que muitos tinham enorme receio do eSocial.

Também critiquei o eSocial, tenho opinião e contribuo dedicando horas de análise e verificação no âmbito das empresas do piloto (assim como para outros projetos). Estarei ao lado da equipe de testes quando forem liberadas as agendas de homologação com muito prazer, pois gosto de evoluir e como já disse muitas vezes o Sistema Público de Escrituração Digital – SPED tem o meu apoio, pois é uma evolução importante para a sociedade. Como em qualquer projeto haverá inúmeras demandas e muito trabalho. Sem dúvida.

Recomendo para todos os envolvidos:

- minimize as falhas de comunicação buscando informações próximas da fonte;

- teste se sua conduta está de acordo com as regras legais ou se está contaminado pelos caminhos alternativos do dia-a-dia;

- use a paciência, a inteligência e forme sua própria opinião. A dos outros podem ser importantes, mas a sua é insubstituível;

- ultrapasse a fronteira da reclamação e pense de forma colaborativa, tente ver pela ótica nova e não pela ultrapassada;

- é inevitável que o eSocial estará no ar, quanto mais rápido for a adaptação menos sofrimento nas organizações (veja o exemplo da Nota Fiscal Eletrônica);

- estude muito, não há trabalho bem feito se não houver conhecimento aplicado (isso vale para todas as profissões);

- mantenha a mente aberta, o novo é um caminho para se cruzar apenas uma vez;

- não se incomode por haver uma nova versão a ser observada, faz parte do “pacote” de atualização profissional (muitas vezes antes que se pensa há uma atualização disponível).

Aos queridos leitores do blog www.mauronegruni.com.br recomendo que leiam atentamente as instruções do manual. Ele não esgotará todas as dúvidas, mas esclarecerá pontos que sem a atenção necessária passarão a mitos. Contem com ajuda especializada, muitas horas de esforço podem ser poupadas em trabalhos repetitivos, mas nunca a análise humana. Deixem para robôs fazerem as tarefas “baixas” e fique com as “altas”. Uma das suas é analisar a sua organização ao que chamo de mapeamento e diagnóstico dos procedimentos necessários para a compatibilização do ambiente da empresa ao proposto no o eSocial.

http://www.mauronegruni.com.br/2014/01/06/esocial-sem-telefone-sem-fio/

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