Pasárgada Tributária

Por Roberto Dias Duarte

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá pago o imposto que eu quero
Na forma que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a desonerar
A indústria que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Para entender a forma de tributar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Imposto era fácil de contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a corrupção
Tem telefone que não cai
Tem motorista sem alcalóide
Tem congressistas bonitas
Para a gente confiar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Pagarei o imposto que eu quero
Na forma que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

*Paráfrase do poema Pasárgada de Manuel Bandeira

http://www.robertodiasduarte.com.br/index.php/pasargada-tributaria/

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