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29/08/2012 17h59 - Atualizado em 29/08/2012 18h40

O contador Gilmar Carvalho Moraes afirmou nesta quarta-feira (29) à CPI do Cachoeira que teve seu número de CPF usado por um homem a quem ele devia dinheiro. Moraes afirmou que devia R$ 7 mil, e, em troca da quitação da dívida, Valdeir Fernandes Cardoso propôs a criação de empresas com o nome de Gilmar. O depoimento do contador não estava previsto para esta quarta, mas foi solicitado após a ex-mulher do contador ter relatado à comissão ter sofrido ameaças.

“Quando na época, eu devia para ele [Valdeir Fernandes Cardoso]. Aí, inclusive, ele dizia, vamos fazer essas empresas aí e quita a dívida comigo [...] Algumas vezes ele mostrou arma para mim. Na época eu me senti coagido com esta situação. Devia R$ 7 mil de uns cheques que eu troquei com ele”, disse o contador.

Embora em documentos da Receita Federal recebidos pela CPI constem os números do CPF e do registro profissional de Moraes, ele nega ter feito as declarações de IR das empresas.

“Eu lhe faço uma pergunta. Faça um levantamento aqui e veja se eu declarei imposto de empresa. O cara pegou meu CPF e usou. Eu nunca declarei [imposto de renda] de pessoa jurídica”, disse.

O nome de Gilmar Moraes surgiu na semana passada na CPI, quando a ex-mulher dele, a comerciante Roseli Pantoja, prestou depoimento como suspeita de ser sócia da Alberto & Pantoja, empresa investigada pela Polícia Federal por supostamente receber dinheiro da Delta, construtora que, segundo a PF, mantém vínculos com o grupo do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

O contador afirmou que tem sofrido ameaças desde que as denúncias vieram à tona. Ele afirmou que recebeu telefonema de policiais com ameaças.  Gilmar disse que foi procurado por homens que se identificaram como policiais na casa do irmão da ex-mulher. "Eles falaram que queriam encontrar comigo, vivo ou morto".

Gilmar disse ainda que acha que não eram policiais. "Se fosse a polícia, já teria me achado", afirmou. O contador reforçou que está sendo ameaçado. “Eu fui pressionado por esta dívida e não tive outra saída. Ele estava me ameaçando”.

Para o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), o depoimento do contador reforça a tese das empresas fantasmas. “Mais uma vez um esquema de criação de empresas fantasmas muito bem evidenciadas”.

Segundo o contador, ao todo, quatro empresas foram criadas com o seu CPF. “Ele falava que era o esquema dele. Ele não falava nomes”, disse.

O contador afirmou que sabia que estava cometendo irregularidade na criação das empresas, mas frisou que aceitou ter o CPF usado porque se sentiu “pressionado”. “Sim [sabia que era irregularidade]. Tanto é que estou te falando, fui pressionado por essa dívida e não tinha outra saída.”

O contador negou que conhece Cachoeira. “Como cerca de 190 milhões de brasileiros, só ouvi falar de Cachoeira depois”.
 

Proteção à testemunha
Em entrevista durante o depoimento de Gilmar Carvalho, Odair Cunha afirmou que a CPI pedirá que à Polícia Federal realize serviço de proteção a Gilmar Carvalho e à ex-mulher dele, Roseli Pantoja, apontada como sócia de uma empresa fantasma ligada à quadrilha de Cachoeira. “Nós pedimos que a Polícia Federal o acompanhe nesse momento e nós vamos incluí-lo na lista de proteção à testemunha”, afirmou.

Odair Cunha afirmou ainda que a fala do contador indica que a quadrilha de Cachoeira continua atuando, apesar da prisão do bicheiro. “Nós estamos lidando com bandidos, pessoas perigosas que se organizaram para cometer crimes. Com certeza, o depoimento do seu Gilmar evidencia que eles continuam atuando na medida em que constrangem pessoas”, afirmou o relator.

http://g1.globo.com/politica/noticia/2012/08/contador-diz-que-teve-cpf-usado-e-nega-relacao-com-cachoeira.html

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