Lista negra do Fisco assusta investidores

Por Luciana Monteiro, de São Paulo 15/03/2010 Para quem caiu na lista negra da Receita Federal, o conselho é um só: não tente se esconder. A opinião é de Meire Poza, sócia da Arbor Contábil, assessoria e consultoria contábil e tributária para pessoas físicas. Segundo a especialista, receber uma intimação do Fisco não é motivo para se desesperar, mas significa que será preciso juntar uma série de comprovantes e, na maioria dos casos, colocar a mão no bolso. Batizada de Operação Quebra-cabeça, a Receita anunciou na semana passada que pretende ir atrás de cerca de 2 mil contribuintes pessoas físicas entre os meses de março e abril. Até dezembro, devem ser outros 8 mil. O governo espera recuperar R$ 6 bilhões em tributos. Na mira do Fisco estão investidores em ações, vendas de imóvel sem recolhimento de imposto, cotistas de fundos de renda fixa e ganhos indiretos de altos executivos em previdência. Segundo as informações da Receita, apenas nos dez primeiros dias de março, cerca de 680 contribuintes já foram intimados a prestar contas ao Leão. A Receita Federal tem investido bastante no controle mais rigoroso do imposto de renda da pessoa física. "E as fraudes são cada vez mais fáceis e rápidas de serem identificadas", diz Meire. Por isso, na visão dela, o investidor não deve tentar burlar o Fisco. "A dica vale para investidores que, às vezes, pensam em esconder operações ou mesmo para os contribuintes que pensam em inflar as despesas dedutíveis com a compra de recibos", afirma. "O combate à sonegação de impostos das pessoas físicas está a pleno vapor, punindo o trem da alegria da sonegação." A especialista conta que alguns de seus clientes já foram intimados, a grande maioria questionados por operações em bolsa. Segundo ela, a Receita vem pedindo comprovantes das operações dos últimos cinco anos como notas de corretagem (em formato digital), extratos da corretora e da CBLC, além da declaração de imposto de renda de anos anteriores. É importante o investidor lembrar que a apuração do imposto de renda com ações é mensal e deve ser declarada dessa forma, diz Meire. "Por isso, para quem investe em bolsa, a atenção deve ser dobrada", afirma ela. Na ofensiva da Receita, o contribuinte também pode ser chamado para dar explicações sobre a venda de um imóvel ou mesmo sobre a reforma dele. Ao vender um imóvel, se houve ganho de capital, ou seja, a pessoa vendeu por um preço mais caro do que pagou, é preciso pagar imposto de 15%. Há, no entanto, uma exceção: quando se trata de único imóvel residencial. Nesse caso, se o dinheiro for usado para a compra de outro imóvel, não há imposto. Isso só vale, no entanto, por um período de seis meses e o outro bem precisa ter valor igual ou maior ao primeiro. Mas com o boom imobiliário, muita gente tem usado a estratégia de lançar na declaração benfeitorias na casa ou apartamento nem sempre realizadas. Num imóvel de R$ 300 mil, por exemplo, a pessoa finge ter feito uma reforma de R$ 90 mil. Se ela vender o imóvel por R$ 392 mil, pagará imposto somente sobre R$ 2 mil (a diferença entre R$ 392 e R$ 390 mil). "Mas a Receita também está atenta a isso", diz a especialista. Segundo ela, nesses casos, o Fisco tem pedido a relação das despesas da reforma, custos com serviços ou materiais, até mesmo o cronograma físico e financeiro da obra (quando começou, como pagou etc). Quem cometeu irregularidade e quiser legalizar a situação pode retificar a declaração e recolher os valores atrasados com uma multa de 20%. Se, no entanto, a pessoa tiver sonegado imposto, não retificar e for pega, pode ser multada em até 150% do valor devido. Sem falar no fato de isso ser crime, passível de dois a cinco anos de prisão. Por isso, na hora de acertar as contas com o Leão neste ano, Meire recomenda muita atenção. "Embora um erro na declaração possa ser retificado no futuro, ele pode também se transformar numa tremenda dor de cabeça e uma grande demanda de tempo entre ir e vir na Receita Federal." O Fisco também está fechando o cerco aos escritórios de contabilidade. Meire lembra que, recentemente, a Receita fiscalizou um escritório que levou mais de 1,5 mil contribuintes à autuação. "Por isso, cuidado na hora de contratar um profissional", diz Meire, ressaltando que a responsabilidade sobre as informações da declaração são do contribuinte, e não do contador. www.valoronline.com.br
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Comentários

  • Corretoras amansam o Leão
  • Receita Federal está atenta a fraudes tributárias

    Com o objetivo de fiscalizar 2 mil contribuintes que apresentaram irregularidades nas declarações do IRPF (Imposto de Renda Pessoa Física), a RFB (Receita Federal do Brasil) lançou, no dia 11 de março, a operação Quebra Cabeça. Os procedimentos fiscais serão executados de maneira simultânea e integrados pelas unidades do órgão em todo o Brasil. A expectativa da RFB é gerar um volume de autuações equivalente a R$ 6 bilhões.

    De acordo com a assessoria de imprensa da Receita Federal, até o fim do ano, o número de fiscalizações chegará a 8 mil. “Nos dez primeiros dias de março, o órgão já emitiu 680 notificações e espera chegar a 2 mil até o final do mês de abril.”

    O Fisco reuniu e cruzou dados de várias fontes com o propósito de fiscalizar contribuintes que apresentavam indícios de sonegação. Com base nesse conjunto de informações, foram identificadas declarações com sinais de omissão de rendimentos e de redução indevida da base de cálculo do Imposto de Renda.

    Estarão no foco das investigações:
    - aplicadores em bolsa de valores que não recolheram o imposto referente ao ganho de capital em renda variável;
    - contribuintes que não entregaram a declaração de Imposto de Renda Pessoa Física;
    - aqueles que tiveram gastos com cartões de crédito acima do limite de isenção;
    - quem informou dívidas não comprovadas (inexistentes, não contraídas de fato), para justificar gastos com aquisição de bens e direitos;
    - os profissionais liberais com rendimentos declarados em valores inferiores aos apurados pela Receita Federal.

    Na lista negra do Fisco constam:
    - contribuintes que apresentaram acréscimo patrimonial em desacordo com os rendimentos declarados;
    - aqueles que declararam rendimentos isentos a título de lucros e dividendos em valores superiores aos informados ao órgão pelas suas empresas;
    - aqueles que venderam imóveis e não pagaram o Imposto de Renda devido sobre o ganho de capital;
    - contribuintes que declararam receita bruta da atividade rural em valor inferior ao apurado pela Receita;
    - os profissionais liberais que declararam valores atípicos a título de dedução em livro caixa;
    - os executivos de empresas que receberam rendimentos tributáveis sob a forma de plano de previdência privada, com o objetivo de sonegar o IRPF e a contribuição previdenciária, incidente sobre a remuneração paga de forma disfarçada, também estão sendo investigados. Nesse caso, a Receita Federal está coletando tais informações a partir das declarações prestadas ao Fisco pelas administradoras dos referidos planos;
    - aqueles que apresentaram entre seus cotistas pessoas ligadas, que podem estar se valendo de operações interfundos, que não circulam por conta corrente bancária, para liquidar posições financeiras ou operações comerciais.

    Regularização
    Para evitar as multas mais pesadas, o contribuinte deve retificar as suas declarações e sanar as irregularidades. Quem optar pela regularização voluntária deverá, antes de receber a intimação da Receita, recolher as eventuais diferenças do IRPF, acrescidas de juros e multa, limitada a 20% do imposto devido.

    A assessoria de imprensa da Receita Federal do Brasil informou que os contribuintes que receberem a intimação perdem a oportunidade de retificar espontaneamente as suas declarações. “Eles estão sujeitos à cobrança do imposto, acrescida de juros e multa de ofício, que variam de 75% a 150%, sem prejuízo das sanções penais previstas em lei, se ficar caracterizada a ocorrência do crime contra a ordem tributária.”

    http://www.deleon.com.br/crcsp/2010/059/03_pordentro_b.htm
    DeLeón Comunicações
    Com mais de 20 anos de experiência em Comunicação Integrada, nós, da De León Comunicações, desenvolvemos projetos de divulgação de marcas, produtos e…
  • Receita está de olho em gastos com cartão de crédito

    Mariana Londres

    Contribuintes que gastam mais no cartão de crédito do que declaram ao Fisco são investigados pela Receita Federal, na operação que foi batizada de Quebra-cabeça. A fiscalização já ocorre, mas está sendo feita de forma intensiva desde a última quinta-feira (11). Serão investigados gastos não declarados entre os anos de 2004 e 2009.

    Nos gastos com cartão de crédito serão investigados os contribuintes que não declaram Imposto de Renda, mas movimentaram no cartão valores acima do limite de isenção para o ano.

    Só para se ter uma ideia, o limite de isenção de 2010 é de R$ 17.215,08 por ano. O contribuinte, portanto, que fizer compras no cartão de crédito além desse limite e não declara à Receita irá levantar suspeitas do Fisco.

    Contribuintes que declaram o Imposto de Renda, mas gastaram no cartão quantia superior ao declarado, também serão investigados. Caso a Receita comprove fraude, o contribuinte terá que pagar o imposto devido além de juros e multa, de 75% do valor devido para erro e de 150% do valor devido quando a Receita entende que há intenção de sonegar.

    O subsecretário de fiscalização da Receita Federal, Marcelo Neder, explica que se os gastos no cartão de crédito forem compatíveis aos rendimentos declarados não há qualquer problema:

    - Se os gastos tiverem origem em rendimentos declarados não há nenhum problema. O que a Receita tem percebido ao cruzar informações é que há casos de gastos excessivos no cartão de crédito incompatíveis com o que o contribuinte vem declarando ao Fisco. O Fisco não tem nada a ver com os gastos do contribuinte, desde que o rendimento esteja declarado.

    O objetivo da Receita com toda a operação Quebra-cabeça, que inclui outras investigações, é reaver R$ 6 bilhões em impostos não pagos, juros e multas de 8.000 contribuintes até o fim do ano.

    Fonte:Agência R7
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