Corretoras amansam o Leão

Para que os investidores em ações não caiam nas garras do Leão, as corretoras estão investindo maciçamente em ferramentas que auxiliem o cliente a recolher o Imposto de Renda (IR) e a preencher a declaração anual. A Receita vem apertando o controle do IR da pessoa física e a fiscalização recai cada vez mais sobre quem aplica em bolsa. Isso está estimulando a procura por consultoria na área e incentivando as corretoras a lançar serviços de orientação fiscal aos investidores de home broker. Nomes como Icap, Link Investimentos, Ativa, Souza Barros, Um Investimentos e Gradual são exemplos de instituições que colocaram à disposição dos clientes nos últimos meses programas para ajudar no cálculo do IR quando há lucro na venda de ações. A MyCapital, site desenvolvido pela Tema Sistemas, que fornece serviços para a apuração do imposto, vem fechando vários acordos com corretoras. Alguns investidores acham as corretoras que são responsáveis por recolher o imposto, mas a apuração do tributo deve ser feita pelo próprio investidor e é mensal. Como apurar o tributo não é tarefa das mais fáceis, grande parte das pessoas físicas que movimenta seus papéis na bolsa acaba, simplesmente, não fazendo o recolhimento. E é justamente nesse tipo de serviço que as corretoras viram um filão a fim de fisgar e fidelizar clientes. Segundo dados da BM&F Bovespa, em março, o mercado acionário contava com 557.936 investidores cadastrados. E o cerco está se fechando para quem não declara os ganhos com ações. Em março, a Receita anunciou que pretende ir atrás de cerca de 8 mil contribuintes pessoas físicas até dezembro. Na mira do Fisco, estão justamente os investidores em ações que não recolhem IR. A inglesa Icap, por exemplo, lançou no início de março o IR Fácil, um sistema totalmente integrado ao home broker da corretora, o MyCap. A ferramenta calcula automaticamente todas as operações do cliente no mês e possibilita a emissão do Darf (Documento de Arrecadação de Receitas Federais). Além disso, o programa faz a compensação de prejuízos de um mês para o outro. Segundo Paulo Levy, diretor do home broker da Icap, o serviço fez com que o número de contas abertas dobrasse de 25 para 50 por dia. A ferramenta é gratuita, mas está disponível somente para os clientes da chamada conta "Especial" da corretora - com taxa de corretagem de R$ 20 por operação. "Há muita confusão quando o assunto é Imposto de Renda e isso pode ser considerado um gargalo para o crescimento desse mercado", avalia Levy. No caso da Link Investimentos, um relatório que mostra todas as operações do cliente na corretora passará a ser gratuito para todos os investidores a partir do fim deste mês - hoje o custo é de R$ 50,00 mensais. As ferramentas e serviços ganham cada vez mais posição de destaque na hora de o investidor escolher uma corretora, diz Mônica Saccarelli, gerente de varejo da Link. "A pessoa física que começa a aplicar em bolsa está acostumada com os fundos de investimento, em que o pagamento do imposto de renda é recolhido pelo banco", afirma. "E é por isso que esse tipo de ferramenta tem ganhado tanta importância dos clientes." Na Ativa, a procura pela calculadora de IR dobrou neste ano em relação ao mesmo período de 2009. Lá, o serviço também custa R$ 50,00 por mês, mas a corretora estuda a possibilidade de oferecê-lo gratuitamente dentro de um pacote de acordo com o número de ordens colocadas pelo investidor, explica Jansen Costa, gerente de negociação eletrônica. Com a ferramenta, o cliente consegue também agregar as operações realizadas em outras instituições, mas esses dados têm de ser digitados um a um pelo cliente. "O próximo passo será fazer com que isso seja automatizado, que o cliente receba o arquivo da outra corretora e o nosso sistema reconheça os dados de forma que as informações já apareçam consolidadas", diz. A Um Investimento oferece a ferramenta desde maio do ano passado, mas só em dezembro notou um aumento na demanda por parte do cliente. "Com a aproximação da data de entrega da declaração anual de Imposto de Renda, as adesões ao serviço vêm crescendo 20% ao mês", conta José Luiz Martins, gerente de negociações eletrônicas da corretora. O número de usuários, contudo, ainda é pequeno em relação à base de clientes. A Um.IR, como foi chamada a ferramenta na corretora, é fruto de parceria com a Tema Sistemas. O serviço permite ao cliente acompanhar a evolução de sua carteira, saber se teve lucro ou prejuízo nas transações, gerar o Darf e compensar perdas com outras operações nos meses seguintes. O sistema emite relatórios mensais e também faz a consolidação anual para o preenchimento da declaração de IR. O custo do serviço é de R$ 50 por mês. A Souza Barros estreou o serviço nesta semana. Assim como as demais, sentiu a necessidade de oferecer um suporte para o cliente que ainda tem muitas dúvidas sobre o tema. "Nesta época, nossas mesas de operação ficam sobrecarregadas de clientes querendo tirar dúvidas sobre o IR", conta Daniel Garcia, gerente de operações do homebroker da Souza Barros. A corretora é outra que recorreu ao site Mycapital. "Esperamos facilitar a vida do cliente, uma vez que a ferramenta é integrada ao home broker", diz. O serviço custa R$ 50 por mês. Garcia afirma que os clientes que fizerem a adesão até 30 de abril (último dia para entregar a declaração de IR) ganharão o histórico de movimentação desde o início de 2009. Para ter acesso às transações de anos anteriores, o custo será de R$ 300 por ano. Mas por que só agora esse serviço vem sendo oferecido? O que tem feito as corretoras a aderirem à ferramenta é a possibilidade de transferir a responsabilidade da apuração do imposto a alguém especializado, atuando apenas como intermediário e integrando a ferramenta ao home broker, explica Erickson Fonseca, diretor da Tema. "Quando recorrem a sistemas próprios, as corretoras têm o ônus de atualizar o sistema e a responsabilidade pela informação." A Tema já fechou contrato com oito corretoras e quatro delas - Ativa, Um Investimentos, Souza Barros e Icap - já integraram a ferramenta ao seu sistema de home broker, conta o diretor da empresa, Nilson Francisco Gomes. "Queremos dobrar esse número até o fim de 2010", diz. A Gradual lançou um portal exclusivamente com informações sobre o recolhimento do imposto em investimentos. No site, o internauta tem informações sobre como fazer a declaração anual, informar os rendimentos provenientes da venda de ações, opções e mercado futuro e preencher o Darf. A Ágora também já anunciou que lançará em breve um software para o cálculo do imposto. Tecnologia Corretoras amansam o Leão Valor Econômico Qui, 08 de Abril de 2010 15:24 http://www.sindifisconacional.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=6992%3ATecnologia+&catid=45%3Ana-midia&Itemid=73&lang=pt
Enviar-me um e-mail quando as pessoas deixarem os seus comentários –

Para adicionar comentários, você deve ser membro de Blog da BlueTax - Conteúdos Validados por Especialistas.

Join Blog da BlueTax - Conteúdos Validados por Especialistas

Comentários

  • Receita revisa declaração de contribuintes paulistas

    Operação Quebra-Cabeças, que está de olho no Imposto de Renda de pessoas físicas dos últimos cinco anos - mesmo de quem escapou da malha fina -, vai atrás de informações inconsistentes e espera arrecadar R$ 600 milhões

    A Receita Federal decidiu investigar as declarações de Imposto de Renda feitas nos últimos cinco anos por pessoas físicas de todo o Estado de São Paulo. Com essa medida, o Fisco espera arrecadar cerca de R$ 600 milhões, entre tributos e multas.

    A operação, batizada de Quebra-Cabeças, utiliza o moderno sistema de cruzamento de informações da Receita para peneirar os dados enviados por contribuintes e fontes pagadoras com a intenção de apurar indícios de sonegação ou mesmo problemas que passaram despercebidos antes - tais como omissão de rendimentos ou uso indevido de despesas dedutíveis. Isso significa que mesmo quem não foi pego pela malha fina corre o risco de ter a declaração reavaliada pelo Fisco agora.

    As autuações terão como alvo contribuintes de 645 municípios paulistas que omitiram informações nos relatórios entregues à Receita ou não apresentaram algumas de suas declarações de ajuste dos últimos cinco anos. Pela própria natureza do processo de fiscalização, a tendência é que contribuintes de maior renda sejam os mais autuados. Mas isso não quer dizer que a Receita vai ignorar os cidadãos de menor renda. Aliás, até quem não entregou a declaração pode ser investigado.

    "Além da omissão de rendimentos do trabalho assalariado e autônomo e a utilização simulada de despesas médicas e de instrução, estamos indo a campo investigar a omissão de rendimentos em aplicações nas bolsas de valores, mercadorias e futuros e o uso de fundos de investimento e de previdência privada para iludir o Fisco", avisa José Guilherme Antunes de Vasconcelos, superintendente da Receita Federal em São Paulo.

    Segundo ele, as informações obtidas por meio do controle de gastos com cartão de crédito, compras no exterior, negociações com imóveis e veículos e até mesmo as contribuições previdenciárias fornecem à Receita novos indícios de sonegação de Imposto de Renda a serem investigados.

    Para quem omitiu rendimentos ou "maquiou" as despesas dedutíveis, não tem jeito. Não há mais como simplesmente consertar o "erro". As multas podem chegar a 225% do valor do imposto devido.

    Além disso, nos casos de fraude, sonegação e crime contra a ordem tributária, a ação não se esgotará na esfera administrativa ou na execução da dívida. Independente da cobrança, a Receita Federal encaminhará, ao Ministério Público de São Paulo, representações para abertura de processo penal contra os responsáveis.

    A operação Quebra-Cabeças deve ser concluída ainda em 2010. Por isso, é provável que as declarações feitas este ano, referentes ao exercício 2009, não sejam examinadas desta vez. Mas isso não significa que o contribuinte pode relaxar. "Mais cedo ou mais tarde o sonegador é surpreendido com um processo e isso está cada vez mais comum, diante das inúmeras ferramentas de combate aos ilícitos que a Receita Federal possui", alerta Vasconcelos.

    Jornal da Tarde - Carolina Dall'Olio
  • Cálculos do IR exigem atenção extra do investidor

    Fazer os cálculos para saber o quanto se deve pagar sobre o lucro com ações não é tarefa fácil. Não é à toa que as ferramentas que auxiliam os investidores a calcular o Imposto de renda (IR) com ações estão se tornando tão populares. Alguns acham que é a corretora a responsável por recolher o imposto, mas na verdade a apuração do tributo deve ser feita pelo próprio investidor.

    Todo investidor que vende ações e tem lucro em movimentação com valor superior a R$ 20 mil por mês precisa pagar 15% de Imposto de renda sobre os ganhos. A apuração do tributo é mensal e vence no último dia útil do mês seguinte ao da venda das ações. Isso quer dizer que, se o total vendido no mês não superar R$ 20 mil, não há imposto. Mas não é R$ 20 mil por operação.

    O cálculo deve levar em conta a soma de todas as vendas realizadas no mês, ressalta Samir Choaib, do escritório Choaib, Paiva e Justo Advogados. Ou seja, se o total superar em R$ 1 que seja o limite, o investidor tem de pagar 15% sobre todos os ganhos líquidos, já descontadas eventuais perdas naquele mês ou em meses anteriores. Ou seja, não é só sobre o que ultrapassar R$ 20 mil, é sobre o valor total.

    O imposto sobre o ganho de Capital obtido com a venda de ações é pago pelo investidor em forma de Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf), com o código 6015. Na hora de fazer a declaração anual do imposto de renda, o investidor deve informar mês a mês o ganho de todas as operações na seção "Renda Variável". Uma mão na roda é baixar o arquivo SICALC, no site da Receita, para preencher e imprimir o Darf. Mas se o valor vendido em ações não ultrapassar R$ 20 mil por mês, o investidor declara no Imposto de renda só o ganho na ficha "Rendimentos Isentos e Não Tributáveis", no item "Outros".

    É muito comum os investidores não fazerem o recolhimento do imposto porque, no ato da venda das ações, a corretora já recolhe na fonte 0,005% sobre o valor, avisando a Receita da operação. "O IR-Fonte de 0,005% confunde bastante porque tem investidor que acha que já o imposto devido na operação", diz Choaib. "Esse imposto, apelidado por alguns como dedo-duro, nada mais é que uma antecipação para que a Receita Federal receba esse a informação e possa cruzar os dados." Esse percentual descontado pode ser deduzido pelo investidor na hora de pagar o imposto sobre o ganho de capital.

    Na declaração, as ações em Carteira devem ser informadas na seção "Bens e Direitos", empresa por empresa, papel por papel, separadamente, pelo valor de compra, sem atualização, na coluna "Discrição". Os resultados mensais deverão constar no "Anexo de Renda Variável"

    Eventuais proventos provisionados e não recebidos também devem ser informados lá. Os dividendos devem ser declarados na linha 5 da ficha de "Rendimentos Isentos e Não Tributáveis". Já os juros sobre Capital próprio devem entrar em "Rendimentos Sujeitos à Tributação Exclusiva". As operações de compra e venda no mesmo dia, o "day trade", pagam 20% sobre os ganhos e mais 1% na fonte.

    Para saber quanto o investidor terá de pagar de imposto, é preciso calcular o custo total de aquisição de um papel (valor investido mais as taxas de corretagem). Além disso, deve-se levar em conta a taxa cobrada pela Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), de 0,0345% por operação.

    Por exemplo: um investidor comprou mil ações a R$ 18. Supondo que as despesas com Corretagem e custódia foram de R$ 360, isso quer dizer que esse aplicador no total desembolsou R$ 18.360,00. Digamos que depois os papéis atingiram cotação de R$ 21 e o investidor resolveu vender os papéis, recebendo R$ 21 mil. Imaginando que as despesas com a operação somaram R$ 420, no final o aplicador recebeu R$ 20.580,00. A corretora recolheu 0,005% sobre o lucro, que ficou em R$ 2.218,95. O imposto de 15% a ser recolhido é sobre o ganho de R$ 332,84.

    Fonte: Valor Econômico

    http://www.classecontabil.com.br/v3/noticias/ver/13955
  • Investidor pode contratar serviço direto
    Valor Econômico - 08/04/2010

    O site MyCapital, desenvolvido pela Tema Sistemas, está no ar desde agosto de 2007 e foi criado para auxiliar o investidor pessoa física a controlar suas operações em bolsa e a calcular o Imposto de Renda mensal. É preciso contratar o serviço e lançar todas as transações e os custos envolvidos. Em seguida, o sistema faz o cálculo, emitindo inclusive o Darf. "O investidor é o responsável pela apuração e recolhimento do imposto sobre aplicações em bolsa, porém a legislação é muito complexa", afirma o diretor da Tema, Nilson Francisco Gomes.

    O site, que conta com 9 mil usuários, permite ainda que o investidor acompanhe a evolução de sua carteira de ações - mesmo se operar por mais de uma corretora -, ao comparar o custo de aquisição dos papéis aos preços de mercado, incorporar bonificações, como dividendos e juros sobre capital próprio, trocar ações quando há cisão ou incorporação de empresas, entre outros. Também emite um relatório anual consolidando todas as operações, a fim de auxiliar o investidor no preenchimento da declaração.

    O custo do serviço varia de acordo com o plano, que funciona pelo sistema pré-pago. O pacote mínimo é de R$ 25 e dá direito a 25 créditos. É preciso um crédito por lançamento de operação. Para quem gira muito a carteira, o custo do crédito pode cair a R$ 0,08. Segundo o diretor, para o investidor que deixou de recolher imposto em algum momento ou nunca pagou, a Tema oferece ainda o serviço de regularização

    https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2...
This reply was deleted.