Por que tudo é tão caro no Brasil?

...uma questão simples, que afeta nosso bolso: por que tudo custa tão caro no Brasil? Nossos jornalistas comparam os preços de 17 produtos em 13 países. Escolheram artigos globais idênticos: um iPod, um automóvel Corolla, uma caixa de aspirina, uma caneta Bic, 1 litro de gasolina, uma lata de Coca-Cola, e assim por diante. Em apenas quatro produtos o preço brasileiro ficou abaixo da média global. Na maioria dos casos, o Brasil é o primeiro ou segundo país mais caro.

Essa incômoda realidade é resultado de vários fatores, mas um se destaca: o peso de nossos impostos. O pior: os pobres pagam, proporcionalmente, mais imposto que os ricos. “Sem reduzir impostos, é impossível trazer para o mercado de consumo a grande massa da população brasileira”, diz o repórter especial José Fucs, autor da reportagem abaixo:

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Carta do diretor de redação Helio Gurovitz
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI142138-15217,00-UMA+EDICAO+QUE+PODERIA+TER+DUAS+CAPAS.html

Como em qualquer situação complexa, há vários motivos. Mas os três principais são: impostos, impostos e mais impostos

José Fucs. Com Thiago Cid


O publicitário Eduardo Lopes, de 27 anos, trabalhou duro para realizar um de seus sonhos de consumo: comprar um Corolla 2.0, automático, zero-quilômetro, de R$ 75 mil. Há um mês, ele trocou seu Fiat Idea, comprado em 2008, pelo sedã da Toyota, o carro mais vendido no mundo, em uma concessionária de Goiânia, onde mora. Deu de entrada seu Idea, avaliado em R$ 32 mil, e pagou R$ 43 mil à vista. Para comprar um carro que custa 15 vezes sua renda média mensal, de R$ 5 mil, Lopes usou uma poupança de R$ 25 mil, formada durante dois anos à base de economias e alguns trabalhos extras. “Eu poderia partir para um carro popular, que é bem mais barato, mas gosto de conforto e acho que mereço”, diz.

Em comparação com o preço cobrado pelo Corolla em outros países, Lopes pagou uma pequena fortuna. De 13 países pesquisados por ÉPOCA, o Brasil é onde ele custa mais caro (leia o quadro abaixo). Nos Estados Unidos, ele é vendido por R$ 32.800 (US$ 19 mil), menos da metade do preço daqui. Na China, por R$ 37.100. No México, por R$ 37.200. Na Alemanha, por R$ 50.700. O preço médio dos 13 países é de R$ 45.800, 60% do preço nacional. A diferença, de quase R$ 30 mil, poderia ter servido para Lopes fazer uma série de outros gastos – ou poupar mais.

O caso de Lopes e seu Corolla não é isolado. ÉPOCA pesquisou os preços de outros 16 produtos lá fora. Em 12 deles, os preços brasileiros ficaram acima da média internacional. Um litro de gasolina custa em torno de R$ 2,70 aqui, em comparação a uma média no exterior de R$ 2,25 – 17% a menos. Uma geladeira de 320 litros custa cerca de R$ 1.600; lá fora, a média é de R$ 941. Os únicos produtos em que os preços no Brasil são menores que a média internacional são uma caneta Bic tradicional, uma lata de Coca-Cola, um livro e um maço de Marlboro (o cigarro, sobretaxado nos países desenvolvidos por causa dos prejuízos à saúde, custa aqui 30% menos que no exterior).

Isso explica a volúpia com que os turistas brasileiros vão às compras quando viajam para o exterior. Segundo dados da Secretaria de Turismo dos Estados Unidos, os turistas que mais gastaram dinheiro no país em 2009 foram os brasileiros – US$ 4.800 per capita. Ficaram à frente de australianos e japoneses, conhecidos como os maiores gastadores do mundo. De acordo com o empresário gaúcho Henri Chazan, de 40 anos, presidente do Instituto da Liberdade, uma entidade voltada para a defesa da livre-iniciativa e dos direitos individuais, é possível pagar a passagem, de cerca de US$ 1.000 (R$ 1.800) só com a diferença entre os preços nos Estados Unidos e no Brasil. Chazan calcula que quem comprar seis camisas da griffe Tommy Hilfiger, quatro calças de sarja e dois tênis recém-lançados no mercado consegue tirar a passagem praticamente de graça. Lá, segundo ele, as camisas custam R$ 45 (US$ 25) num outlet perto de Miami. Aqui, R$ 150. As calças saem por R$ 55 (US$ 30) lá e por R$ 150 aqui. Os dois tênis custam R$ 300 lá e R$ 1.000 aqui. Some tudo: R$ 1.700 a menos. Chazan diz que recentemente ele e sua mulher compraram um carrinho de bebê Peg-Pérego Pliko P3 em Miami por R$ 410 (US$ 229). No Brasil, ele custa R$ 1.100, quase o triplo. “Como sou pobre, só compro nos Estados Unidos”, brinca. “Não é consumismo. É que lá é mais barato e o produto é melhor.”


22/05/2010 - 02:30 - Atualizado em 23/05/2010 - 17:47

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/1,,EMI142111-15259,00.html
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Comentários

  • Postado por Eduardo Ruiz em 25 maio 2010 às 11:47

    Concordo que a carga tributaria no Brasil é altíssima, e pior que não vemos praticamente nenhum retorno por parte do governo, a saúde publica e a educação continua uma lastima. Mas me fica uma duvida o porquê o governo não reduz a carga tributaria no pais, e uma das duvidas é se as nossas indústrias estão preparadas para atender a uma grande demanda que obviamente aconteceria com a redução dos impostos, e por outro lado a também a preocupação com o controle da inflação, será que essas preocupações não fazem com que o governo não reduza a carga tributaria no pais, só vejo por esse lado, já que o governo não deixaria de arrecadar, pois o aumento do consumo e geração de empregos geraria mais arrecadação para o governo.
  • Evidente que pagamos muitos impostos e que não temos o devido retorno desse "investimento" a triste realidade é que o Brasil tem muito a melhorar como 'nunca antes na história desse país' e pelo que depender desse governo não vamos melhorar muito...
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