Camila Nobrega
RIO – A economia subterrânea, que considera a soma da produção de bens e serviços que escapam dos controles oficiais, cresceu 27,1% entre dezembro de 2007 e dezembro de 2008. É o que mostra o Índice da Economia Subterrânea, apurado pela FGV sob encomenda do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco). Este é o maior crescimento já registrado pelo estudo, que começou em 2003. Além disso, entre setembro e dezembro, durante o agravamento da crise econômica, a alta na economia subterrânea foi de 9,5%. Em relação ao PIB brasileiro, que encolheu 3,6% neste mesmo período, a economia subterrânea teve crescimento de 13,6% a mais.
Segundo o economista Fernando de Holanda, coordenador da pesquisa, a crise pegou em cheio a economia formal, mas, pelo menos até dezembro, não afetou a subterrânea. Ele ressalta que a crise no crédito não afeta a atividade econômica não incluída nas contas oficiais:
_ A necessidade de crédito é um estímulo à formalidade. Mas, com a ausência dele, empresas podem ter optado por adiar o pagamento de impostos, por exemplo, inclusive por questão de sobrevivência na crise. Esse é um incentivo perverso existente na lógica empresarial.
De acordo com o estudo, a carga tributária foi o principal componente de incentivo à economia subterrânea, registrando uma contribuição de 55% no cálculo do crescimento da mesma. Todos os outros fatores analisados na pesquisa, que inclui atividade econômica (medida pelo nível de emprego), corrupção e exportação, colaboraram positivamente para a alta no índice. Ainda segundo Fernando de Holanda, a arrecadação alta estimula a informalidade e a sonegação:
_ O objetivo da pesquisa é fornecer informações para a criação de políticas públicas. Com base nos resultados, a redução da carga tributária seria essencial para a diminuição à economia subterrânea.