Em relação à reforma tributária, o texto destaca os seguintes pontos:
- Preocupação moderada das lideranças empresariais (28%): Apesar de ser mencionada por 28% dos executivos como um dos principais desafios, a reforma tributária ainda não está sendo priorizada por muitos líderes, o que pode ser preocupante, considerando que ela trará mudanças significativas no sistema tributário a partir de 2026.
- Alerta sobre a falta de atenção adequada: O consultor Victor Guelman chama a atenção para o fato de que muitos profissionais não estão dedicando a devida atenção a essa nova tributação, que afetará as empresas brasileiras. Ele ressalta que essa falta de preparo pode gerar problemas futuros se as empresas não ajustarem suas estratégias com antecedência.
- Complexidade da implementação: A reforma tributária exigirá das empresas uma reestruturação de suas práticas de compliance e gestão tributária, o que inclui a adaptação a novos regimes e regras fiscais. Esse cenário pode aumentar os custos operacionais e exigir investimentos em novas tecnologias e capacitação.
A reforma tributária, portanto, figura como um dos grandes desafios para as lideranças nos próximos anos, principalmente pela sua capacidade de impactar profundamente a forma como as empresas operam no Brasil.
As mudanças na demanda de consumidores e clientes, apontadas por 32% das lideranças; os riscos específicos do setor de atuação (32%) e o cenário econômico nacional (31%) são os três maiores desafios externos que as empresas brasileiras devem enfrentar nos próximos três anos. A entrada de novos concorrentes, globais ou locais (29%), e a reforma tributária (28%) também estão no radar das chefias.
Os dados aparecem na pesquisa “Desafios e tendências das empresas em Latam 2024”, realizada pela consultoria EY entre fevereiro e março, com 1.379 executivos do C-level de dez países da América Latina – sendo 177 profissionais no Brasil.
Os entrevistados atuam em organizações de onze patamares de receita, desde aquelas com faturamento menor que R$ 50 milhões (34%) até corporações que faturam mais de R$ 75 bilhões ao ano (4%). A maioria é de setores como serviços profissionais (18%), indústria (14%), comércio (13%) e finanças (12%).
“O cenário econômico, que sempre disputava a primeira ou segunda colocação em pesquisas anteriores como o maior desafio externo, ainda se mantém relevante na agenda, citado por 31% dos entrevistados, mas o que mais desafia as empresas hoje é ‘a mudança na demanda, nas preferências e no comportamento dos consumidores e clientes’, considerado por 32% deles”, analisa Victor Guelman, sócio-líder de market e business development da EY Brasil.
“Isso nos diz o que tínhamos visto já há algum tempo: a crescente preocupação das companhias em conhecer mais mercados e clientes, e atendê-los de forma diferente, por canais diversos, ações que trazem complexidade e pressão de custos aos negócios”, continua. “Quem souber identificar, trabalhar e atender de forma mais rápida e eficiente terá sempre uma vantagem competitiva.” O que mais desafia as empresas hoje é “a mudança na demanda, nas preferências e no comportamento dos consumidores e clientes”
O consultor chama a atenção também para a reforma tributária, apontada no levantamento como o quinto tópico mais observado pelos executivos brasileiros, com 28% das respostas. “É um cenário preocupante porque demonstra que os profissionais não estão dando a devida atenção para uma nova tributação que passará a valer a partir de 2026.”
Dentro de casa
Guelman destaca que, em relação aos desafios internos para os próximos três anos, a pesquisa indica que as melhorias operacionais, a produtividade e os custos (35%), além do crescimento de participação de mercado (29%), concentram a maior atenção das diretorias. “Os números deixam evidente que as lideranças brasileiras estão despendendo mais força para arrumar a casa e formar ecossistemas que alavancam as marcas”, avalia. “Para isso, não irão medir investimentos em tecnologias avançadas.”
De acordo com o trabalho, no Brasil, as tecnologias mais disruptivas nos negócios, nos próximos três anos, serão a inteligência artificial (88%), a computação em nuvem (84%) e os recursos de big data (82%).
“A preparação para enfrentar esses desafios passa por trazer a inovação [para as empresas], com capacitação de funcionários”, afirma. “O investimento em ferramentas de big data para decisões mais assertivas são tão importantes quanto a automação e a robótica, deixando os colaboradores em funções estratégicas e as máquinas com processos e tarefas mais repetitivas.”
Pé no acelerador
Quando perguntados sobre qual frase reflete o momento atual da organização, a maioria ou 49% dos gestores brasileiros dizem que estão “acelerando, crescendo e aproveitando novas oportunidades”, enquanto 23% “estão reagindo à contingência e reinventando o negócio”.
No final da lista de diretrizes em andamento, 18% “estão implementando estratégias ou modelos de negócios”, 9% “estão sobrevivendo e focando na continuidade dos negócios” e apenas 2% “esperam que a incerteza política se dissipe antes de agir”.
“O foco das lideranças brasileiras é melhorar o que já está sendo feito, principalmente pela ausência de maturidade digital, e de suprir as demandas tecnológicas que surgirão no futuro”, finaliza.