Cerca de 60 pessoas, entre Contabilistas e estudantes de Contabilidade, participaram nesta quarta (13) do primeiro dia do seminário preparado pelo Conselho Regional de Contabilidade do Distrito Federal (CRC-DF) para lançar a Semana Tributária do Contabilista. A qual, nesta primeira edição, discute o tema: Conhecimentos, Riscos e Oportunidades de Negócios na área tributária.

O evento, realizado na sede do CRC-DF, foi aberto pela presidente do Conselho, Sandra Batista, que destacou aos presentes a importância crescente de Contadores e Técnicos em Contabilidade buscarem capacitação nessa área. “Precisamos ouvir mais e com outros olhos os especialistas tributários, para entender de fato essa nova roupagem da escrituração digital e obrigações acessórias impostas aos nossos clientes ‘contribuintes’”, defendeu ela. “Compreender que por trás das tantas ‘letras e siglas’ que representam as obrigações acessórias que elaboramos diariamente existe um bom negócio e que, dominando estes conteúdos e ferramentas, poderemos vender melhor os nossos serviços e conquistar ainda mais mercados especializados”.

Segundo Sandra Batista, foi com o propósito de discutir tanto esse viés de oportunidades quanto o viés de riscos dessa área de especialidade que o CRC-DF concebeu a Semana Tributária do Contabilista. “Para que, com acesso a esse conhecimento, os nossos profissionais possam estar seguros para adotar uma postura mais arrojada, mais empreendedora e gerar riqueza para suas empresas e também para o Distrito Federal”

Os Vice-Presidentes de Administração, Erlene Alves Arruda, e de Desenvolvimento Profissional, Fernando Emilio Ferrari Sabino, também participaram do primeiro dia do seminário, junto com o conselheiro Alberto Milhomem Barbosa.

Escrituração Digital - Sped

O administrador de empresas e auditor Edgar Madruga, pós-graduado em Informática Pericial e especialista em Sped, gestão tributária e inovação fiscal, abriu as palestras, falando sobre O Empreendedorismo Tributário e a Inteligência Tributária na Mitigação de Riscos Fiscais. Também coordenador do MBA em Contabilidade e Direito Tributário com ênfase em Gestão do Risco Fiscal, do Instituto de Pós Graduação – IPOG, ele animou o público repassando informações bastante técnicas de maneira divertida e intimista.

Segundo o especialista, um dos primeiros conceitos que os empreendedores Contabilistas precisam dominar para atuar como Contador Tributário é o Sped – Sistema Público de Escrituração Digital. “O novo sistema está preocupando não só os profissionais da Contabilidade mas de várias outras áreas, porque está mexendo, promovendo mudanças em muitos setores, e ao mesmo tempo”, adiantou. O Sped, avaliou Edgar Madruga, muda até mesmo as formas de relacionamentos dentro da sociedade, além de nas empresas e dentro delas. E essas mudanças, de grande amplitude, têm custos – exigem compra e instalação de novas tecnologias, treinamento de funcionários, compra de equipamentos, etc.

“Em resumo, o Sped é fruto de uma sociedade que se transforma, essa é a primeira coisa a entender sobre o novo sistema. E por essa transformação ainda estar em curso é que faltam profissionais qualificados para tratar do tema, o que têm dobrado os salários na área da Contabilidade”, exemplificou o professor. “Porém, não existem profissionais qualificados o suficiente para assumir o volume de vagas que vêm sendo demandadas pelo mercado para Contador Tributário”.

E, neste ponto, Edgar Madruga enfatizou que sem qualificação não há mercado atualmente. “Existe uma brutal oportunidade no mercado para quem se adaptar a essa nova realidade. É um cenário que se transforma rapidamente e as pesquisas e estudos todos mostram o quanto o cenário mudou na área; para acompanhá-lo, precisamos partir para um processo de buscar uma inteligência tributária”, apontou.

De acordo com o especialista, vivemos um novo mundo - o mundo digital, cheio de desafios que, num primeiro momento, incomodam, porque mudar dói. “Talvez essa seja uma das grandes questões em que primeiro é preciso nos posicionarmos na questão: entender e aceitar que ele envolve mudanças. Mesmo nesse contexto, eu afirmo que é possível se ter empreendedorismo perante o desafio”, assegurou. “O desafio existe, é real e torna necessárias mudanças comportamentais dos profissionais, seja envolvendo o processo técnico, seja as visões sobre treinamento com capacitação”.

Para Edgar Madruga, a questão pode ser resumida de forma radical: o profissional quer virar obsoleto ou se manter vivo no mercado? “Você não pode utilizar ferramentas antigas se quiser permanecer competitivo; precisa estar em constante e extrema mutação, no sentido de evolução mesmo, para fazer frente às novas demandas e aos concorrentes”, aconselhou.

Falsidade ideológica e “laranjas”

Já o promotor de Justiça Rubin Lemos, do Ministério Público Federal do DF e Territórios (MPDFT), tratou do tema Não seja um Laranja – um alerta para os riscos da falsidade ideológica na área tributária. “Eu trouxe hoje a vocês, Contabilistas, uma tentativa de reflexão sobre a idéia da cidadania ligada ao tributo e também ao crime tributário – se existe uma vinculação entre essas práticas e se existe a necessidade de todas elas coexistirem”, propôs.

O objetivo da reflexão proposta, explicou o promotor, é fazer com que as pessoas passem a perceber que uma sociedade que quer se desenvolver melhor, quer dividir riqueza, precisa dar um tratamento ideal para os tributos que cobra. “Mais especificamente, um tratamento para a distribuição desses tributos e, ao mesmo tempo, para as finalidades com que são cobrados. E isso tudo, ainda, levando em conta uma distribuição equilibrada, que atinja todo o imenso Estado brasileiro”, detalhou.

Para o Rubin Lemos, o cerne da questão é a busca de uma maior cidadania, “a qual envolve, por parte do cidadão, uma maior cobrança de quem cobra os tributos e deve administrar esse dinheiro”.

Nesse sentido, o promotor apresentou aos Contabilistas o projeto "Não Seja um Laranja", uma ação do MPDFT para evitar a utilização do nome de terceiros em esquemas de corrupção. De acordo com ele, o programa tem a importante tarefa de conscientizar a população sobre o perigo de 'emprestar' o nome para empresas de fachada. "Não vamos acabar com a prática, mas temos como, e esse é o nosso principal objetivo, reduzi-la bastante", assegurou.

As consequências e os prejuízos, tanto para o Estado e a sociedade quanto para a vítima desse tipo de golpe, foram alguns dos aspectos destacados durante a apresentação. Umas das ações sugeridas pelo promotor para o combate ao esquema é a elaboração de campanhas publicitárias no âmbito de cada estado da federação. O estabelecimento de parcerias com órgãos públicos para o aumento da fiscalização também foi outro ponto levantado por ele. "Temos hoje uma quantidade significativa de empresas fantasmas, como muitas produtoras de grãos, por exemplo, que são criadas para desvio de dinheiro. Precisamos ajudar a combater esses casos", defendeu.

Debates

Após as duas palestras, houve um debate dos presentes com os palestrantes, sobre as questões mais polêmicas apresentadas por ambos.

Ao final, a presidente do CRC-DF, Sandra Batista, agradeceu a todos por atenderem a mais esse convite da entidade, especialmente ao Promotor Rubin Lemos e ao Professor Edgar Madruga. “Foi uma tarde maravilhosa, com a casa lotada e muitas e oportunas discussões levantadas pelos 60 profissionais que nos prestigiaram”, comemorou ela.

“Acredito que, com as mensagens passadas pelos dois qualificados palestrantes - uma falando da grande oportunidade para a contabilidade tributária no mercado atual e também de seus riscos para o nosso negócio, e a outra abordando o aspecto da falsidade ideológica e os cuidados que o cidadão precisa para manter o equilíbrio na relação tributo-cidadania – atingimos o nosso objetivo, de capacitar os Contabilistas nos temas mais recentes que afetam a área”.

Para a presidente do CRC-DF, o acesso a esse conhecimento especializado é um fator de crescimento para o profissional da Contabilidade, não só pela parte técnica, mas também pela oportunidade de debate e troca de idéias que os eventos proporcionam. “Todos, palestrantes e participantes, estão de parabéns, haja vista que estão buscando a cada dia mais conhecimento, mitigar os riscos inerentes ao exercício profissional e um melhor posicionamento no mercado. É isso que a gente espera do nosso profissional da Contabilidade”, concluiu.

http://www.crcdf.org.br/crcdf/index.php?option=com_content&view=article&id=1829:semana-tributaria-inicia-debatendo-sobre-oportunidades-de-negocios-na-escrituracao-digital-sped-e-combate-a-empresas-laranja&catid=29:crc-informa&Itemid=32

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