Independência do auditor

Idésio S. Coelho é diretor técnico do Ibracon, o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

Ao longo dos anos, reguladores de todo o mundo têm entendido que o rodízio de firmas de auditoria representa uma abordagem possível para considerar independência e outros aspectos relativos à qualidade da auditoria. Alguns também o têm usado para tentar promover mudanças na estrutura da profissão.
Os proponentes sugerem que o rodízio reforça a independência dos auditores, aumenta o ceticismo profissional, evita estreitar o relacionamento entre auditor e empresa auditada e limita a dependência econômica das firmas em relação às empresas. E que o rodízio pode ajudar a reduzir a concentração no mercado e dar oportunidades para as firmas de menor porte.
Já os opositores defendem que ele é prejudicial à qualidade da auditoria, especialmente em ambientes regulatórios e contábeis complexos, que exigem trabalho especializado. Além disso, enfraquece o papel do conselho de administração e comitês de auditoria, aumenta os custos para os preparadores de demonstrações financeiras e é bem difícil de implementar em um ambiente global complexo.
O rodízio obrigatório foi introduzido em alguns países, como Canadá, Cingapura e Coreia. Mas em Cingapura, por exemplo, a autoridade monetária suspendeu a exigência para os bancos de capital aberto na recente crise financeira, a fim de evitar uma piora na situação no mercado. E a Coreia, assim como o Brasil, permitiu que as empresas adiassem o rodízio para depois de migrarem para normas internacionais de contabilidade.
Há uma série de alternativas que mais fortalecem a independência do auditor, sem afetar a qualidade da auditoria, e que já foram adotadas. Entre elas, estão: rodízio de sócio de auditoria, comitês de auditoria eficazes, regimes de supervisão do auditor externo e requerimentos apropriados de independência do auditor.
Não é comprovado que o rodízio obrigatório das firmas de auditoria aumente a qualidade do serviço prestado. Pelo contrário, os estudos têm demonstrado que ele pode afetá-lo negativamente. Entre as vantagens da contratação por longo prazo: o auditor obtém conhecimento sobre a empresa, bem como de seus riscos, o que pode melhorar a auditoria. Permite ainda que o auditor desenvolva credibilidade perante a entidade, demonstrando sua especialização técnica contábil.
 

 

Fonte: DCI – SP
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