CIO, quem você quer ser quando crescer?

Daquele que tirava pedidos para o profissional que é parte dos negócios, a carreira do Chief Information Officer (CIO) passa por um processo de transição. Se antes seu perfil era altamente técnico, agora ele precisa ser estratégico para os negócios, falar o idioma de seus pares e viver de perto o dia a dia deles. Mas nem todos chegaram nesse estágio e alguns simplesmente querem repetir modelos de sucesso do passado.

O estudo Antes da TI, a Estratégia, da IT Mídia, endossa essa questão ao apontar que grande parte dos CIOs quer se manter na TI ou na posição atual e uma pequena parte busca ganhar mais influência na empresa. Afinal, quem o CIO quer ser quando crescer?

Na visão de Viviane Lusvarghi, CIO da Santher, empresa brasileira que produz papel, a mudança no papel do CIO não acontece porque muitas empresas ainda enxergam a TI como área de informática e processamento de dados. “Acredito que o responsável por essa mudança de visão é o próprio CIO. Precisamos ser pró-ativos, mergulhar nos negócios, propor soluções mesmo sem sermos acionados, transformar”, estimula.

Para ela, outro paradigma que precisa ser quebrado é o foco apenas na questão tecnológica. “O CIO precisa, sim, de conhecimento técnico, mas deve ter formação que o prepare muito mais para ter a visão do negócio, de pessoas e gestão de mudança”, observa.

Em sua opinião, o fato de grande parte dos CIOs não buscar influência na empresa não teria problema algum, se essa grande maioria tivesse realmente transformando seus negócios e sido reconhecidos por isso.

Concorda com Viviane, Plinio Bellas, CIO da Granado/Phebo, empresa brasileira de produtos cosméticos e farmacêuticos. Segundo ele, contudo, o quadro pode mudar. “CIOs precisam estar sob gestão direta dos CEOs e não mais dos CFOs ou outros setores. A tecnologia já é ferramenta em todos os tipos de negócios e com isso todos os profissionais devem buscar uma qualificação técnica”, justifica.

Bellas conta que o novo papel do CIO passa, hoje, por conhecer e apoiar a inovação e participar do negócio como um todo com todas as áreas. Para se diferenciar, o CIO tem de ser o fomentador de inovações e ser resiliente.

Reforçando o ponto de vista dos colegas, Claudia Andrade, CIO da Receita Federal, diz que com a evolução da tecnologia da informação e, principalmente, com os ganhos observados pelas organizações com a sua implementação massiva, o perfil do CIO também teve de passar por um processo natural de evolução.

“Com esse novo cenário, a área de TI teve de alterar seu foco principal, promovendo interações com as áreas de negócio da empresa para a compreensão das metas institucionais e busca de soluções alinhadas com os resultados. Sendo assim, com os avanços tecnológicos passaram a ser decisivos na tomada de decisões, é imprescindível que o novo CIO entenda e participe da estratégia de negócio”, observa.

A transformação em sua carreira passa por um perfil cada vez menos um técnico para ser um gerenciador de pessoas e situações com múltiplas soluções, tomando decisões com agilidade. “Deverá também saber alocar recursos em infraestrutura de TI fundamentadas nos benefícios que levarão para o negócio. Além de ter habilidade de avaliar se aplicativos e sistemas utilizados estão atendendo e incrementando os negócios”, destaca a executiva.

TI + negócios
Muito se fala que a TI tem de ser o negócio. A realidade, no entanto, é muito diferente em algumas empresas. “Acredito que isso acontece em função da resistência dos CIOs. Nós devemos mostrar nosso real papel, o que podemos agregar ao negócio. Se não formos ousados, as empresas não nos reconhecerão como área estratégica”, observa Viviane.

Para ela, a TI deveria se estruturar de tal maneira que a empresa a visse como uma consultoria especializada prestadora de serviços, com todas as ferramentas de uma companhia independente.

A CIO da Receita Federal diz que talvez esse seja um perfil de profissionais acostumados com uma dinâmica diferente de trabalho, com foco apenas no alto nível técnico e em gerir recursos, em um contexto de cultura organizacional distinta da atual. “Contudo, isso está mudando rapidamente. Hoje, os desafios são cada vez maiores. A tecnologia avança em ritmo acelerado e é imprescindível para qualquer organização fazer com que o CIO tenha de se atualizar constantemente para continuar atuando no mercado de forma competitiva.”

Bellas aconselha que ambos os lados sejam resilientes e busquem unir forças para se reinventarem constantemente e atingirem o bem maior de “tornar a empresa competitiva e lucrativa em um mundo globalizado e digital”.

Fim da era do ‘não’
Com perfil remodelado, o CIO não pode mais ser aquele que tudo bloqueia ou diz ‘não’ para as demandas. Na visão de Viviane, o mundo digital acelerou esse processo. “Hoje, se a TI não for ágil e entender que o perfil e o conhecimento do usuário são outros, viveremos uma guerra interna. A TI precisa ser mais colaborativa. Se tivermos uma TI mais fluida e parceira, naturalmente as áreas se integram. Cada um colabora com o conhecimento que é de domínio e a empresa evolui”, comenta.

Para Claudia, como a interação com outras áreas é fundamental, não há mais espaço para uma TI limitadora. “A TI é parte do planejamento estratégico e essencial na proposição de soluções e melhorias que aumentam a competitividade”, argumenta.

Desafio diário
Embora cientes de todo o processo de mudança pelo qual passa o CIO, o desafio de se encaixar nesse novo contexto é diário. “Isso acontece, especialmente, se a empresa vê a TI como área de informática. Nesse caso, cabe uma postura pró-ativa, positiva e perseverante, para que o CIO mostre por meio de resultados o quanto seu departamento pode colaborar para o negócio”, acredita Viviane.

Claudia assente e diz é importante estar alinhado às metas institucionais e ter interação com as demais áreas da organização. “O CIO deve ter visão gerencial, habilidades de liderança e estar em permanente aperfeiçoamento em uma comunicação clara com todos os  stakeholders”, opina.

Bellas diz ter-se preparado para essa evolução. “Percebi minha vocação para liderança desde que me tornei gestor de TI e a evolução foi acontecendo. Em 2007, fiz uma graduação em Administração de Empresas na FGV que me abriu muito a mente para conhecer melhor o mundo corporativo, mas percebi que já tinha uma bagagem muito grande e pude trocar muitas experiências com meus colegas de classe. E trazer novas experiências para minha liderança”, relata.

Você está preparado?
Se você é CIO ou quer chegar lá, é preciso preparar-se para as mudanças em curso. “É um momento de transição”, observa Viviane. Em função desse quadro, Claudia afirma que o CIO deve adotar uma postura de protagonismo, com uma atitude pró-ativa e estratégica, para que possa implementar soluções e melhorias que agreguem valor ao negócio da empresa.

“O líder da TI deve manter-se atualizado e em contínuo crescimento profissional para que possa acompanhar o ritmo acelerado de mudanças tecnológicas e no cenário econômico que alteram a dinâmica de negócios, criando novas necessidades”, acredita.

O CIO da Granado/Phebo aconselha que o talento invista no estudo dos processos de negócios e busque levar sugestões às áreas, deixando de lado a linguagem técnica. Assim, segundo ele, será possível garantir um entendimento alinhado ao interlocutor. “Também é importante ler mais artigos sobre estratégias das empresas e observar a mudança da TI bimodal e a transformação digital”, revela.

Espelho, espelho meu…
Olhando para sua carreira, Claudia diz que espera continuar gerenciando a área de tecnologia de forma a gerar o máximo de benefícios para os cidadãos que utilizam os serviços da Receita Federal e para os funcionários. “Meu objetivo é ajudar a instituição a atingir suas metas de prestar melhores serviços, além de combater com eficiência fraudes tributárias”, comenta.

Transformação é o que move Viviane. “Não sei ao certo o nome do cargo que espero chegar e poderia passar por várias áreas se tivesse a oportunidade. Nós CIOs temos uma oportunidade gigantesca de integrar áreas, pessoas, processos e aprender muito. Quem sabe serei uma Chief Transformation Officer”, brinca.

Já Bellas diz que “quando crescer” espera usar sua experiência e partir para a área de docência e compartilhar o conhecimento com os mais novos e continuar a aprender sempre. “Para os próximos cinco anos desejo concretizar mais a sinergia da empresa não só com o TI mas entre todas as áreas.”

 

Fonte: IT Forum 365 via http://www.timaior.com.br/2016/11/22/cio-quem-voce-quer-ser-quando-crescer/

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