Levantamento ainda verificou que esse ano foi necessário trabalhar 153 dias apenas para pagar impostos.
O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) realizou uma pesquisa que constatou que o trabalhador brasileiro teve que trabalhar, em 2017, 153 dias somente para pagar os tributos necessários.
O resultado foi o mesmo obtido em 2016 e, simbolicamente, significa que tudo o que foi trabalhado até a última sexta-feira (2 de junho) foi destinado aos cofres públicos.
O IBPT chegou a essa conclusão levando em conta sua estimativa de que 41,8% de todo o rendimento ganho pela população é usado para pagar impostos, taxas e contribuições.
Para se ter noção, na década de 1970 era necessário apenas metade desse tempo para arcar com impostos federais, estaduais e municipais: dois meses e 16 dias, em média.
Um mês só para a corrupção
O instituto, conforme afirma Gilberto Luiz do Amaral, presidente do Conselho Superior e Coordenador de Estudos do IBPT, ainda concluiu que apenas a corrupção foi responsável por consumir 29 dias de trabalho de todos os brasileiros este ano.
Nesse caso, o estudo usou os resultados do Projeto Lupa nas Compras Públicas, que monitora todas as compras realizadas por órgãos governamentais federais, estaduais e municipais e compara o valor pago por eles com o preço que empresas pagam pelo mesmo serviço ou mercadoria.
Comparação mundial
Levando em conta o número de dias trabalhados necessários para pagar impostos em outros países, o Brasil não está no pódio mundial. Na verdade, ocupamos a oitava posição de um ranking com 27 nações, atrás de países como Dinamarca, França, Suécia e Itália (confirma a relação completa abaixo).
A grande diferença, entretanto, está na qualidade com que esse dinheiro retorna para a população.
Em outro levantamento realizado pelo IBPT, este traçando um comparativo entre os 30 países com maior carga tributária e o retorno social que eles oferecem para sua população, o Brasil ocupa o último lugar. Na prática, isso quer dizer que, apesar de termos um dos fardos tributários mais pesados, temos um dos piores índices de retorno em prol do bem-estar da sociedade.
“Aqui pagamos muito e não temos quase nenhum retorno”, lamenta o presidente do IBPT, João Eloi Olenike.
Dias trabalhados para pagar impostos
Dinamarca: 176 dias França: 171 dias
Suécia: 163 dias Itália: 163 dias
Finlândia: 161 dias Áustria: 158 dias
Noruega: 157 dias Brasil: 153 dias
Hungria: 142 dias Argentina: 141 dias
Bélgica: 140 dias Alemanha: 139 dias
Espanha: 138 dias Islândia: 135 dias
Reino Unido: 132 dias Eslovênia: 131 dias
Canadá: 130 dias Nova Zelândia: 129 dias
Israel: 125 dias Japão: 124 dias
Irlanda: 122 dias Suíça: 122 dias
Coreia do Sul: 109 dias Estados Unidos: 98 dias
Uruguai: 96 dias Chile: 94 dias
México: 91 dias
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