Empresas instaladas no País costumam manifestar-se somente depois de as IFRS entrarem em vigor

Amaro Luiz de Oliveira Gomes, membro do International Accounting Standards Board (IASB, o Comitê Internacional de Normas de Contabilidade), reproduziu o seguinte diálogo que teve na semana passada com o representante de uma grande empresa brasileira.

A IFRS 11 não podia ter acabado com a consolidação proporcional. Isso está nos causando muito problemas — disse o representante da empresa.

— Mas quando vocês mandaram ao IASB a correspondência com suas manifestações a respeito da IFRS 11?” — indagou Gomes.

— Não mandamos — retrucou o interlocutor.
— Então ponha no papel a sua queixa.
— Não… Queríamos discutir o assunto…
— Bem, sinto muito. Consolidação proporcional já virou passado na literatura do IASB.

Amaro usou a reprodução desse diálogo para concluir sua apresentação “Aplicação prática das IFRS”, na terça-feira, 11/6/2013, segundo dia da 3ª Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria Independente, promovida em São Paulo pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).
Segundo Amaro, a participação latino-americana — e, sobretudo, a brasileira — no IASB está muito aquém da importância econômica da região e da capacidade técnica dos profissionais do País: “Tenho me sentido repetitivo nesse tema, porém, em algumas situações, nossa participação é mais tímida que a de nações africanas”.
Uma das primeiras coisas que Amaro faz depois que o IASB coloca em audiência pública o esboço das novas normas contábeis em elaboração pela entidade é perguntar quantas manifestações chegaram da América Latina. Para o seu desalento, ele constata que a África do Sul e até o Zimbábue e o Quênia fazem mais comentários que o Brasil. “O resultado dessa falta de participação se manifesta três anos depois de a norma ser aprovada, quando ela entra em vigor”, afirmou Amaro.

As IFRS (sigla em inglês para Normas Internacionais de Contabilidade), emitidas pelo IASB, constituem hoje uma fonte de referência para as práticas contábeis mundiais. Por serem constantemente atualizadas com as atuais exigências do mercado mundial, têm sido aceitas, gradativamente, em mais de 100 países — inclusive no Brasil —, como suas próprias práticas contábeis.

Durante a 3ª Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria Independente, as duas atividades foram comparadas à medicina, tamanha a necessidade de atualização imposta a essas profissões. Enquanto a medicina salva vidas humanas, a contabilidade e a auditoria têm de zelar pela preservação das empresas. “Espera-se da contabilidade que faça um diagnóstico dos negócios de uma companhia, e não que assine seu atestado de óbito”, comparou Paulo Roberto Gonçalves Ferreira, gerente de normas contábeis da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Texto: Costábile Nicoletta| Edição: Lenilde De León | Fonte: Assessoria de Comunicação do IBPT

http://mauronegruni.com.br/2013/06/12/ifrs-brasil-contribui-menos-que-a-africa-para-as-normas-contabeis/

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