Entrevista de Roberto Dias Duarte para Sawluz News

setembro 2, 2009 “A NF-e como aliada Autor do livro Big Brother Fiscal na Era do Conhecimento, o administrador de empresas Roberto Dias Duarte vem se destacando Brasil afora ao disseminar os benefícios que a Nota Fiscal Eletrônica pode proporcionar ao setor produtivo. Nesta entrevista concedida ao SawluzNews, ele comenta a necessidade de as empresas utilizarem essa nova ferramenta para ganhar em competitividade, ao reduzir custos e riscos nas operações fiscais, exigência acentuada pelo fato de o País estar sentindo os efeitos da crise financeira internacional. Qual é a sua avaliação, até o momento, do processo de adesão das empresas à NF-e? Já realizei mais de cem palestras e cursos pelo País, em especial destinados a empresas pequenas e escritórios contábeis, e tenho percebido que muitos desconhecem aspectos básicos do tema. Algumas empresas sequer estão emitindo a Nota Fiscal Eletrônica, descumprindo assim a legislação. Outras até estão emitindo, mas apenas como uma obrigação fiscal. Já num terceiro caso, menos comum, estão conseguindo obter, de fato, maior nível de competitividade empresarial a partir do uso da NF-e. De mais de 200 casos que acompanhei, apenas cinco conseguiram ter essa visão gerencial do projeto. Como obter ganhos de competitividade a partir da NF-e? É preciso modificar os procedimentos administrativos, simplificá-los, adequá-los a essa nova realidade, ou seja, capacitar as pessoas, implantar softwares mais eficientes e melhorar também os processos logísticos de relacionamento entre cliente, fornecedor e escritório contábil. A redução de custos logísticos proporcionada por essa integração é enorme. Mais de 90% das empresas têm serviços contábeis terceirizados, ou seja, há toda uma logística baseada em papel. A empresa recebe e manda documentos o dia inteiro para o contador. E muitas vezes esses papéis não são enviados, se extraviam, chegam incorretos, rasurados. Ao se promover essa integração eletrônica, o nível de erro passa a ser muito baixo e o trabalho de mão de obra deixa de existir. Você tem acompanhado o processo de implantação nas autopeças? Venho acompanhando apenas de um modo geral. Uma percepção de quem está vendo de fora é que, com essa crise mundial afetando muito a indústria automobilística, em especial fora do Brasil, os ganhos de competitividade e redução de custos passam a ser a cada dia mais importantes, seja para a montadora ou o fornecedor. Quanto mais assertivo você for na entrega, no produto, na quantidade, na especificação e no custo, melhor. Aproveitar dessa questão da NF-e para promover uma integração de fato real entre a cadeia produtiva, minimizando os riscos e os custos, é fantástico. Integração produtiva que eu falo não é só da autopeça com a montadora, mas do fornecedor da autopeça com a autopeça e a montadora. E dos próprios escritórios contábeis do fornecedor e da autopeça e o departamento fiscal contábil da montadora. Ou seja, é reduzir os custos e os erros drasticamente, em níveis que antes era impossível alcançar. Que cuidados uma empresa que está emitindo a NF-e deve tomar para manter em sigilo os dados trafegados? O primeiro passo é instalar antivírus e ativar as proteções tradicionais, como os firewalls. Em segundo lugar, criar um sistema de segurança de acesso. Cada usuário deve ter sua senha. Afinal, se todo mundo tiver a mesma senha não tem como saber quem é o fraudador. 86% das fraudes eletrônicas são feitas dentro da própria empresa, pelos seus funcionários. Por último, backup. O ideal é hospedar as informações num datacenter. Mais cedo ou mais tarde a tecnologia acaba falhando. Que dicas você daria para que as empresas não sejam surpreendidas por eventuais falhas? Tem de ter redundância. Redundância de link de Internet, servidores, computadores. Dependendo do nível de criticidade da sua operação – volume e tempo máximo de espera – você vai ter redundâncias mais ou menos sofisticadas. Se a empresa for pequena, com um netbook, o software gratuito da SEFAZ e o modem 3g, já resolve. Mas as grandes empresas precisam ter redundância de estabelecimentos. Se caiu o ERP em alguma filial ou unidade, ela começa a emitir por outro meio. No fundo, é estabelecer os parâmetros necessários para contingência, como tempo máximo de espera, volume mínimo de notas que vai transmitir num determinado espaço de tempo, e traçar os planos de contingência com redundância no que for viável e possível. O fato é que todos os casos têm solução. Eu já emiti NF-e no ferry boat de Salvador para Itaparica. Com a instituição da NF-e e de outros mecanismos fiscalizatórios pelo governo, quais as consequências para as empresas? Olhando do ponto de vista contábil, não dá para brincar de fazer planejamento tributário. Porque uma vez que a nota fiscal já foi entregue, não tem mais aquela história de vai nota, cancela nota, corrige nota, passa corretivo, tira o carbono. Isso não existe mais. É tudo auditado. No fundo, você está rastreado o tempo inteiro. Se a NF-e está rastreando seu fornecedor, seu cliente e você, não tenha dúvidas que o fisco vai te pegar. Pode não te pegar hoje, mas não precisa ser hoje também. Tem até 2014. São cinco anos. E mais: acaba ganhando o imposto com 30, 50% de multa. Quais devem ser os próximos passos do governo para instituir de vez o chamado Big Brother Fiscal? A Escrituração Contábil Digital está dando um passo fortíssimo para se consolidar. No ano que vem, entram todas de Lucro Real. Quanto ao SPED Fiscal, tudo indica que as empresas vão cumprir o prazo agora em setembro. O Lalur eletrônico deve ser massificado em 2010. Agora existe um projeto do SPED Trabalhista Previdenciário, reunindo informações sobre a folha de pagamento – FGTS, Previdência Social, INSS etc. Será possível, por exemplo, rastrear as empresas que estão comprando vale transporte e não estão recolhendo Fundo de Garantia e INSS. A DIRPF, provavelmente, será incorporada ao SPED Trabalhista, pois a ideia é reunir todas as obrigações acessórias que sejam das pessoas física e jurídica. Em comparação a outros países, como o Brasil está em termos de avanços tecnológicos e fiscalização? O Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário soltou um estudo classificando o Brasil como um dos piores índices de sonegação fiscal da América Latina. Daqui a cinco anos, em função do SPED, esse índice será o menor da América Latina. Em dez anos, vai ser compatível com o dos países mais desenvolvidos da Europa e EUA. Esse movimento do fisco está sendo feito de forma muito rápida, uma década é muito tempo se formos pensar em sociedade brasileira. Eu não vejo isso em outros lugares do mundo. Existem sistemas semelhantes ao do SPED em outros países? Existe no Chile e no México a NF-e num modelo bem mais simples; na União Européia, a fatura eletrônica. O nosso modelo é muito mais sofisticado e completo. Traduzir as normas legais que temos em tecnologia não é para qualquer um. Temos duas alterações legais na área tributária a cada hora, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário.” Fonte: Sawluz News http://www.robertodiasduarte.com.br/?p=2795
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