E depois do IPI?

31/05/10 07:22 | Sérgio Vale - Economista-Chefe da MB Associados O setor automobilístico foi uma das estrelas do crescimento da economia ano passado. Muito se discutiu sobre o impacto da redução do IPI na sustentação da expansão do setor, e sobre se passado o fim do programa as vendas de automóveis continuariam ou não a crescer. Alguns pontos podem ser feitos sobre o que aconteceu no segmento e o que esperar para os próximos anos. Primeiro, alguns exercícios mostram que a redução do IPI foi tão importante quanto a manutenção da disponibilidade de crédito barato para o setor. Ou seja, apenas a redução do IPI não foi suficiente para impulsionar o setor. Se as taxas de juros não tivessem baixado e os prazos não tivessem se mantido elevados, a redução por si só do imposto não teria funcionado. Isso é natural acontecer em uma economia ainda com consumo e crédito reprimidos, o que nos leva a crer que para continuar sustentando o setor neste ano será essencial uma política de crédito que mantenha prazos e juros adequados para o consumidor. O problema é que a Selic começou a aumentar e isso poderá ser um freio natural para o crescimento do setor. Ao longo de 2010 devemos trabalhar com a hipótese de que esses dois efeitos deverão reduzir sua demanda. De qualquer maneira, não teremos os 12,7% de expansão de vendas de automóveis e comerciais leves de 2009, mas espera-se um aumento de 7,9% no segmento este ano, o que é bastante razoável. Talvez seja natural esperar um número ainda menor em 2011 por conta da desaceleração esperada da economia, cujo PIB deverá aumentar em torno de 4%. Essa desaceleração também deve ser entendida dentro de um processo que se inicia de aumento de vendas de imóveis, numa renda média em que não cabe ainda uma prestação de um imóvel e de um automóvel ao mesmo tempo. Depois de vendas excepcionais nos últimos anos, devemos esperar certa mudança nas compras da população nos próximos anos. Não será nada radical, mas o exemplo do México é interessante. Lá, os incentivos para o setor imobiliário na década de 2000 foram essenciais para expandir enormemente o setor enquanto as vendas de automóveis desaceleraram. Mas um crescimento de vendas ao redor de 5% ao ano é bastante razoável de se esperar. Por fim, ainda há uma grande disparidade de consumo de automóveis no Brasil. Enquanto São Paulo tem 3,4 pessoas para cada automóvel, o Maranhão, por exemplo, tem 28, a maior relação do país. E números semelhantes podem ser vistos para outros estados do Nordeste e Norte principalmente. Ou seja, se nossa hipótese de aumento contínuo da classe média nos próximos anos acontecer, já tratada em coluna anterior, haverá espaço para crescimento de renda nessa parte da população que ainda não comprou automóvel e ainda não tem renda para comprar um imóvel. Com a saturação dos mercados do Sudeste, a busca de novos mercados em outras regiões com baixa densidade de automóveis poderá ser uma tendência importante para o setor nos próximos anos. http://www.brasileconomico.com.br/noticias/e-depois-do-ipi_83798.html
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