A mudança cultural exigida pelo eSocial

Por Gabriel Peixoto

Tecnologia é meio, tudo nasce e acontece através das pessoas. As pessoas são a chave para o sucesso do eSocial.

Quem executará os diversos processos do eSocial são as pessoas, tudo estará com elas. Por isso, o engajamento da equipe é um fator crítico para o sucesso, especialmente na conformação da conduta da organização aos regramentos trabalhistas e previdenciários fiscalizados pelo eSocial.

A legislação trabalhista brasileira é arcaica e em alguns aspectos até obsoleta. Isso causará um choque de realidade quando o eSocial automatizar a fiscalização desta legislação através de sua malha digital de cruzamento de dados.

Por estarem no ambiente digital com valor jurídico, registros nunca antes alcançados pela fiscalização tradicional serão alvo de auditoria eletrônica automática. Os impactos disso atingirão o âmago organizacional, exigindo adaptação de rotinas que são executadas de forma distinta das melhores práticas durante toda a vida da organização.

Por esses motivos, o eSocial é um projeto que gera uma grande necessidade de alteração de status quo na organização, nos sistemas, processos e, principalmente, uma alteração cultural na organização. Crenças, hábitos e comportamentos precisam ser mudados para, aí sim, ter como resultado disso a adaptação consciente e segura ao cenário que o eSocial exige.

A coerção através da exposição dos riscos e penalidades nunca é o melhor caminho para iniciar o engajamento. As pessoas precisam ser convencidas pelos benefícios do projeto, tendo satisfação em buscá-los, não apenas cumpri-lo como uma obrigação.

É necessário traduzir a mensagem para estes diversos públicos dentro da organização em seus idiomas específicos, falando a sua língua. Demonstrar o que é o projeto, qual seu valor, seus benefícios para a sociedade, para a empresa, para cada área e para os profissionais delas. Somente depois disso deve ser demonstrado o que muda no seu dia a dia e conquistar o comprometimento da equipe com tais mudanças.

Nunca esqueça que a cultura é um sistema aberto, e, em função disso, tão importante quanto a entrada dos elementos de conformidade do eSocial nela é não os deixá-los sair.

Assim como especialistas em processos determinam que um processo só atinge maturidade depois de 5 anos, especialistas em comportamento também dizem que um hábito demora diversos anos para ser desenraizado. Por isso, é essencial planejar ações periódicas para relembrar os requisitos e não deixa-los caírem no esquecimento.

Este será um alinhamento humano estratégico para o sucesso do projeto. O engajamento da equipe será o catalisador do eSocial, garantindo conformidade na execução das rotinas da empresa com os regramentos fiscais, trabalhistas e previdenciários. Isso fará com que a empresa cumpra com segurança as rotinas do eSocial e também com que os trabalhadores assegurem seus direitos trabalhistas, através do registro com valor jurídico da sua vida trabalhista no ambiente digital do eSocial.

Sobretudo, cremos plenamente que o eSocial simplificará as prestações de conta relacionadas ao trabalho no país. Contudo, é preciso salientar que simples não é sinônimo de simplista nem de fácil. Como disse o escritor romeno Constantin Brancusi, “Simplicidade é a complexidade resolvida”.

Assim, para desfrutarmos da simplificação proposta pelo eSocial, não há caminho alternativo, precisamos resolver a complexidade. O projeto será muito mais produtivo quando estiverem claros os objetivos, os benefícios, a equipe engajada e a comunicação afinada. Mãos à obra, um bom eSocial a todos!

Fonte: Decision IT

http://www.mauronegruni.com.br/2014/12/16/mudanca-cultural-exigida-pelo-esocial/

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